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terça-feira, 10 de julho de 2012

A ideologia da Negritude - Parte 2: Aimé Césaire


A corrente literária da Negritude, de consciência e afirmação da cultura negra, teve em Léopold Sédar Senghor um de seus mentores. Mas além dele, o outro grande idealizador foi o poeta, ensaísta e também político francês Aimé Césaire.

Um de seus poemas mais representativos e conhecidos é "Caderno de um regresso ao País Natal". Nele, Aimé Césaire demonstra toda sua veia literária e põe em discussão duas de suas maiores lutas: as lutas contra o preconceito e contra o colonialismo. Punha em dúvida o "direito" dos países de primeiro mundo em subjugar os países da Ásia e principalmente da África; além, é claro, da habilidade de se travestir com a identidade do homem oprimido, este que inclui o negro e qualquer outro tratado como tal. Essa é uma peça chave do seu poema, Césaire fala do "homem-fome", "homem-tortura", "homem-insulto" e "homem-judeu", universaliza sua luta pelo direito à vida e à dignidade humana: "o homem-fome, o homem-insulto, o homem-tortura, que a qualquer momento pode ser abusado e espancado a murros, ou morto - sim, matá-lo - sem a ninguém dar contas nem apresentar desculpas"; depois, o poeta continua: "a minha boca é a boca dos desgostosos que já não têm boca, a minha voz, a liberdade dos que sucumbem às masmorras do desespero"; versos anti-colonialistas também são enfáticos: "a África gigantescamente canilizada ante o pé hispânico da Europa, a sua nudez onde a Morte ceifa a grandes passadas"; já o conceito de Negritude aparece pela primeira vez explícito através deste poema: "Minha negritude não é uma torre nem uma catedral (...) perfura a opressão opaca da sua paciência estreita" - aqui a palavra paciência pode ser interpretada também como tolerância.

Para ler um excerto traduzido do poema "Caderno de um regresso ao País Natal", clique AQUI.

Douglas P. Coelho

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