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terça-feira, 24 de julho de 2012

A "arte degenerada" da Nova Objetividade alemã

Os grandes artistas alemães das primeiras décadas do século XX foram responsáveis por movimentos artísticos representativos como o Expressionismo e a Nova Objetividade. Muitos desses artistas perpassaram as duas correntes, embora elas possuíssem algumas diferenças e fossem em alguns pontos antagônicas. Falando especificamente da Nova Objetividade, ela trazia a proposta de fazer retratos fiéis à realidade da época, falar sobre a miséria, as mazelas da sociedade, a ascensão e governo do nazismo e sobre as instituições vigentes. Nas artes plásticas, os três principais nomes foram Max Beckmann, Otto Dix e George Grosz. 

Esses três fizeram parte do grupo de artistas alemães dissidentes ao governo nazista que surgia e tomava enormes proporções e, por isso, foram destituídos de seus empregos, presos, tiveram suas obras classificadas como "arte degenerada" e diversas vezes até destruídas, até que finalmente buscaram moradia em outro países. 

Artística e esteticamente, suas obras eram diversas. Max Beckmann, que estava na Primeira Guerra Mundial como ajudante do corpo médico e por isso viu de perto seus horrores, pintava imagens de tortura e sacrifícios. Otto Dix - que como seu compatriota também participou da Primeira Guerra, mas como soldado voluntário - possuía uma obra essencialmente com uma poderosa temática anti-guerra, costumeiramente pintando sobreviventes de guerra aleijados e desmembrados; quadros como "Soldado Ferido" (pintado em de forma sombria em preto-e-branco, o que o torna ainda mais aterrorizante) e "O Vendedor de Fósforos" (um homem que perdeu os braços e as pernas na guerra, esquecido por todos na calçada, lembrado apenas pelo cachorro que urina em cima dele) são eloquentes em seu propósito; também retratava o quadro social, como é o caso de "Queremos Pão!", com uma multidão de miseráveis do lado de fora de um estabelecimento onde se encontrava confortavelmente instalada membros da alta burguesia; por fim, George Grosz possuía algumas obras mais satíricas em relação às instituições da sociedade e seus membros, como os políticos, os chefes do Exército e a Igreja - nesse propósito, o quadro "Os Pilares da Sociedade" é icônico, com estes membros tendo suas cabeças "abertas" mostrando apenas excrementos ou intenções de guerra, além do chefe religioso se mostrando, pela janela, receptivo e sorridente para um mundo destruído por horrores; entretanto, também se dedicou à temática da guerra em si, como nos quadros "A Explosão" e "Caim ou Hitler no Inferno" - numa associação de Hitler com a figura bíblica de Caim que, segundo o livro cristão, foi responsável pelo primeiro homicídio da humanidade.

Veja abaixo algumas das principais obras dos três pilares da Nova Objetividade alemã (clique sobre as imagens para visualizar em tamanho maior):

          Inferno de Pássaros, Max Beckmann                        A Noite, Max Beckmann

             O Vendedor de Fósforos, Otto Dix                                                     Queremos Pão!, Otto Dix

                 Soldado Ferido, Otto Dix                            Guerra de Trincheiras, Otto Dix

       Caim ou Hitler no Inferno, George Grosz                     A Explosão, George Grosz

                                      Os Pilares da Sociedade, George Grosz

Douglas P. Coelho

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