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terça-feira, 14 de agosto de 2012

A atmosfera sepulcral em Réquiem, de Anna Akhmatova

Uma das maiores escritoras russas, Anna Akhmatova viveu a época do duro regime estalinista e padeceu como civil e principalmente como mãe e esposa. Seu filho Lev Gumiliov foi encarcerado e seu marido e também poeta, Nicolai Gumiliov, executado por ser acusado de ir contra os valores soviéticos.

O sofrimento que teve que suportar foi transportado para seu maravilhoso, mas triste poema "Réquiem", composto entre 1935 e 1940. Como o próprio título já sugere, o texto é permeado por um lamento trágico, um enfrentamento quase físico da morte e da dor. A pequena estrofe que abre o poema já antecipa o iminente caos que assolou a União Soviética e que vinha a ser narrado ao decorrer do poema: "Não, não foi sob um céu estrangeiro (...) eu estava bem no meio de meu povo, lá onde meu povo infelizmente estava".

O contexto histórico é conhecido através do sofrimento pessoal do eu-lírico da poeta, é por meio da forma como recai sobre ela a pesada realidade que somos apresentados ao que se passava naquele país - e que foi comum a tantos países ao longo da história. A realidade é inclusive cravada como irremediável e opressora: "Houve um tempo em que só sorriam os mortos, felizes em seu repouso". Os dramas a que passaram seu filho e seu marido, foi o drama de incontáveis soviéticos: "E quando, enlouquecidos pelo sofrimento, os regimentos iam embora, para eles as locomotivas cantavam sua aguda canção de despedida". No poema, há muito a sentir e, apesar de sua linguagem clara, carrega uma lírica lúgubre tocante.

Para ler o poema "Réquiem" traduzido para o português por Lauro Machado Coelho, clique neste LINK.

Douglas P. Coelho

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