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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Poetas da Resistência: Louis Aragon

Durante o período da Segunda Guerra Mundial, emergiu na França um grupo de escritores e intelectuais que se opuseram ferrenhamente ao despotismo imperialista da Alemanha Nazista integrando partidos comunistas, jornais clandestinos e a Resistência Francesa. Entre eles estava Louis Aragon, que encabeçava o movimento surrealista da literatura ao lado de Paul Éluard e André Breton.

Aragon escreveu um belo poema bastante representativo da tensa época em que o nazismo espalhava a apreensão por toda a Europa. O poema se intitula "Ballade de celui qui chanta dans les supplices" ("Balada daquele que canta sob tortura", em tradução livre), conta a história de um homem que estava encarcerado e, por não concordar em colaborar com confissões aos seus carrascos, é executado.

Ao analisar o poema por partes, percebemos alguns detalhes interessantes: no terceiro paragrafo, dois homens dizem ao prisioneiro: "dis le mot qui te délivre, et tu peux vivre à genoux" ("diga a palavra que te liberta e você poderá viver de joelhos"), dando uma ideia da submissão que o nazismo tentava impor ao mundo; a condição para que o mártir fosse liberado era que ele fizesse alguma confissão que, na verdade, era uma mentira que os carrascos queriam que ele assumisse: "Rien qu'un mot la porte cède (...) Rien qu'un mot rien qu'un mensonge, pour transformer ton destin" ("Nada mais que uma palavra para a porta se abrir (...) Nada mais que uma palavra, uma mentira, para transformar seu destino"); no final do poema, fica claro o senso de patriotismo resistente do eu-lírico, ele morre pela França, se recusa a cooperar com seus opressores pelo seu país: "Je meurs et France demeure, mon amour et mon refus" ("Eu morro e a França continua, meu amor e minha recusa"); apesar de ser executado, ele morre com convicção e sem arrependimento, cantando o hino da França - la Marseillaise - diante dos seus carrascos alemães, sendo então calado pelas balas, mas deixando um outro canto de esperança e resistência para toda a humanidade: "Il chantait lui sous les balles (...) D'une seconde rafale, il a fallu l'achever, une autre chanson française a ses lèvres est montée, finissant la Marseillaise pour toute l'humanité" ("Ele cantou para eles sob balas (...) Depois de uma segunda rajada, ele é obrigado a se calar, uma outra canção francesa sobe aos seus lábios, terminada a Marseillaise, para toda a humanidade").

Para quem quiser conferir o poema em francês na íntegra, clique AQUI (infelizmente não encontramos tradução desse poema na internet).

Douglas P. Coelho

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