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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Nazim Hikmet, o poeta da distância e da separação


Tido como o maior e mais reconhecido poeta da Turquia, Nazim Hikmet teve o destino que parece acometer grande parte dos intelectuais que vivem em duras épocas: passou anos e anos exilado e na prisão, além de ter perdido sua nacionalidade turca em 1951, retirada pelo governo de seu país - fato que só sofreu reviravolta a pouco tempo, em 2009, quando "recebeu de volta" sua nacionalidade, muitos anos após suas morte de 1963.

O enorme tempo que passou exilado e preso, longe da sua terra nativa, resultou numa temática muitas vezes saudosista do poeta, em que lastima a distância e a separação do seu local de origem, sua esposa e seu povo - a distância e separação das nações e das pessoas é também uma preocupação de Hikmet. Fica claro esse apelo nos poemas "Nostalgia" e "Angina", este último também um clamor pelo resto do mundo que ardia em guerras. Ao poeta não lhe importa as enfermidades físicas, só o que lhe pode adoecer são a falta de paz e a sua impotência diante da distância dos povos.

O poema "A menina" faz uso da inocência infantil para se contrapor à barbárie causada pela guerra, referenciando a bomba atômica de Hiroxima e seus efeitos sobre as gerações futuras que nasceram naquela cidade: "Morta em Hiroxima há mais de dez anos, sou uma menina de sete anos (...) Não matem as crianças e deixem-nas também comer bombons". E em "Eles não nos deixam cantar", seu clamor se volta para a falta de liberdade que passavam os artistas, principalmente os dissidentes, usando de referência Paul Robeson, cantor e ativista negro: "Eles não nos deixam cantar Robeson (...) Eles têm medo, Robeson, medo da aurora, medo de ver, medo de ouvir, medo de tocar. Eles têm medo de amar."

Para ler os poemas, segue os links abaixo:
"Angina" e "Eles não nos deixam cantar"
"Nostalgia" e "A menina"

Douglas P. Coelho

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